Certo
dia, quando recolhia espécimes por baixo de um carvalho, encontrei,
entre as outras plantas e ervas daninhas, e do mesmo tamanho que
elas, uma planta de cor escura com folhas contraídas e um caule
direito e rígido. Quando ia tocar-lhe, disse-me com voz firme:
“Deixa-me em paz! Não sou uma erva para o teu herbário, como as
outras a quem a natureza deu apenas um ano de vida. A minha vida
mede-se em séculos. Sou um pequeno carvalho.”
Assim
é aquele cuja influência se fará sentir ao longo dos séculos,
quando criança, quando jovem, muitas vezes já quando homem, uma
criatura viva aparentemente igual às restantes e tão insignificante
como elas. Mas basta que lhe deem tempo e, com o tempo, pessoas que
saibam reconhecê-lo. Não morrerá como os restantes.
Arthur
Schopenhauer, in
Aforismos
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