Não
sabemos, num nosso país que ainda constrói sua gente de tantos
diversos sangues, se ele será, o sertanejo, a “rocha viva de uma
raça”, o “cerne de uma nacionalidade”.
Mas
sua presença é longa lição, sua persistência um julgamento e um
recado. Atuais como aquelas palavras do mestre de Leyde:
“Nossos
avós ainda não dispunham senão de recursos muito parcos, para
mitigar as dores, curar as fraturas e os ferimentos, defender-se do
frio, expulsar a escuridão, comunicar-se pessoalmente ou à
distância com seus semelhantes, evitar a podridão e o mau-cheiro.
Por toda a parte e continuamente o homem tinha de sentir as
limitações naturais do bem-estar terrestre. A técnica, a higiene,
os aperfeiçoamentos sanitários do ambiente em que vive, tanto lhe
facilitando, acostumaram-no mal. Aquela conformada serenidade no
desconforto quotidiano, própria das outras gerações, e que os
ascetas buscavam como meio de santificação, perdeu-se para o homem
moderno. Porém, ao mesmo tempo, correu ele o risco de perder também
a simples aceitação da felicidade da vida, onde ela se oferece.”
Guimarães
Rosa, in
Ave, palavra
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