Eu
não queria aquele cabelo cuia, cortado por minha mãe, lá no
quintal de casa. Queria um cabelo curto, espetadinho em cima, ou que
subisse num leve topete e depois fosse para trás, como o dos heróis
nos filmes americanos.
Eu
não queria aquela sacola de palha na qual carregava meu material
escolar e os últimos eflúvios das aspirações hippies dos meus
pais. Preferia uma mochila emborrachada, com as da maioria dos meus
colegas.
Àquela
altura, contudo, não percebia que o cabelo e a mochila eram
contingências perfeitamente contornáveis, bastaria pedir para
cortá-lo ou para trocá-la: eu era com aquele cabelo, eu era com
aquela sacola.
Antonio
Prata, in Nu,
de botas
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