Furtivo
e cinzento na penumbra última,
vai
deixando seus rastros na margem
deste
rio sem nome que saciou
a
sede de sua garganta e cujas águas
não
repetem estrelas. Esta noite,
o
lobo é uma sombra que está só
e
que busca a fêmea e sente frio.
É
o último lobo da Inglaterra.
Odin
e Thor o sabem. Em sua alta
casa
de pedra um rei decidiu
acabar
com os lobos. Forjado
já
foi o forte ferro de tua morte.
Lobo
saxão, engendrastes em vão.
Não
basta ser cruel. És o último.
Mil
anos passarão e um homem
velho
te sonhará na América. De nada
pode
servir-te esse futuro sonho.
Hoje
te cercam os homens que seguiram
pela
selva os rastros que deixaste,
furtivo
e cinzento na penumbra última.
Jorge
Luis Borges
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