Andei
pensando muito antes de fazer o Movimento por um Brasil Literário. Conversava muito com o pessoal da Fundação Nacional do Livro sobre
como a escola não pode ser a única responsável pela formação do
leitor. A escola não pode e nem dá conta disso. Se a criança chega
em casa e não encontra nem o pai, nem a mãe, nem avó lendo, como é
que a escola quer que ela leia? Ela não vê isso acontecendo na
vida. Achei que era preciso mobilizar toda uma sociedade em função
da leitura literária. Não deixar exclusivamente na mão da escola
uma tarefa que não pode ser somente dela. Precisamos de uma
sociedade inteira envolvida nesse trabalho de formação de leitor.
Não quis chamar de plano de leitura, projeto de leitura. Eu queria
um movimento de leitura, com pessoas que acreditam que a literatura é
boa, faz bem, com quem possa ajudar, indicar um livro, fazer um grupo
de leitura. Quem pode fazer isso pode entrar no nosso movimento, pode
entrar no site (www.brasilliterario.org.br). Temos contatos que vão informando o que está acontecendo. É todo
mundo que acredita nisso. Não há cobrança nem avaliação. Não
quis nada disso, quis um movimento livre. O movimento é uma coisa
organizada, tem uma organização interna, um fluxo. Todo mundo que
estiver embalado nessa confiança na literatura, que a literatura
pode fazer uma sociedade mais bonita, menos corrupta, mais reflexiva,
mais crítica. Pode fazer uma sociedade mais cheia de compaixão, de
respeito mútuo. Acho que a literatura tem a função de tornar a
sensibilidade mais aguçada. As pessoas mais intuitivas, mais prontas
para as minúcias, para os retalhos, como diz o Manoel de Barros,
para os restos, para as pequenas coisas. A literatura pode nos ajudar
muito.
Bartolomeu
Campos de Queirós,
in Palestra no Teatro do Paiol, Curitiba – PR
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