sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Leitura literária

Andei pensando muito antes de fazer o Movimento por um Brasil Literário. Conversava muito com o pessoal da Fundação Nacional do Livro sobre como a escola não pode ser a única responsável pela formação do leitor. A escola não pode e nem dá conta disso. Se a criança chega em casa e não encontra nem o pai, nem a mãe, nem avó lendo, como é que a escola quer que ela leia? Ela não vê isso acontecendo na vida. Achei que era preciso mobilizar toda uma sociedade em função da leitura literária. Não deixar exclusivamente na mão da escola uma tarefa que não pode ser somente dela. Precisamos de uma sociedade inteira envolvida nesse trabalho de formação de leitor. Não quis chamar de plano de leitura, projeto de leitura. Eu queria um movimento de leitura, com pessoas que acreditam que a literatura é boa, faz bem, com quem possa ajudar, indicar um livro, fazer um grupo de leitura. Quem pode fazer isso pode entrar no nosso movimento, pode entrar no site (www.brasilliterario.org.br). Temos contatos que vão informando o que está acontecendo. É todo mundo que acredita nisso. Não há cobrança nem avaliação. Não quis nada disso, quis um movimento livre. O movimento é uma coisa organizada, tem uma organização interna, um fluxo. Todo mundo que estiver embalado nessa confiança na literatura, que a literatura pode fazer uma sociedade mais bonita, menos corrupta, mais reflexiva, mais crítica. Pode fazer uma sociedade mais cheia de compaixão, de respeito mútuo. Acho que a literatura tem a função de tornar a sensibilidade mais aguçada. As pessoas mais intuitivas, mais prontas para as minúcias, para os retalhos, como diz o Manoel de Barros, para os restos, para as pequenas coisas. A literatura pode nos ajudar muito.
Bartolomeu Campos de Queirós, in Palestra no Teatro do Paiol, Curitiba – PR

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