“Dissimular,
enganar, fingir, fechar os olhos aos defeitos dos amigos, ao ponto de
apreciar e admirar grandes vícios como grandes virtudes, não
será, acaso, avizinhar-se da loucura? Beijar, num transporte, uma
mancha da amiga, ou sentir com prazer o fedor do seu nariz, e
pretender um pai que o filho zarolho tenha dois olhos de Vênus, não
será isso uma verdadeira loucura? Bradem, pois, quando quiserem ser
uma grande loucura, e acrescentarei que essa loucura é a única que
cria e conserva a amizade. Falo aqui unicamente dos homens, dos quais
não há um só que tenha nascido sem defeitos, e admitindo que, para
nós, o homem melhor seja o que tem menores vícios.”
Erasmo
de Rotterdam, in Elogio da loucura
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