“Ao
mesmo tempo pensava comigo: assim como agora me visto e saio, vou
visitar o professor e troco com ele algumas frases amigáveis, mais
ou menos falsas, tudo isso contra a minha vontade; assim procede a
maioria dos homens que vivem e negociam todos os dias, todas as
horas, forçadamente e sem na realidade querê-lo; fazem visitas,
mantêm conversações, sentam-se durante horas inteiras em seus
escritórios e fábricas, tudo à força, mecanicamente, sem vontade;
tudo poderia ser realizado com a mesma perfeição por máquinas ou
não se realizar; e essa mecânica eternamente continuada é o que
lhes impede, assim como a mim, de exercer a crítica de sua própria
vida, reconhecer e sentir sua estupidez e superficialidade, sua
desesperada tristeza e solidão.”
Hermann Hesse, in O lobo da estepe
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