Fui
monja
vestida
de negro
em
labirinto azul.
Antes
do Ser
havia
um homem
consciente
destruindo
o lirismo
descuidado
das
minhas madrugadas.
Estava
presente
nas
conversas dos bares
– solitárias
histórias.
Estava
presente
na
fusão dos homens medíocres
e
dos homens sem cor.
Em
azul e negro
eu
vi o esboço
de
um caso triste,
aquele
doido
procurando
as mãos.
As
mãos que deixara
sobre
alguma mesa
de
mármore azulado
em
algum labirinto azul.
Andei
tanto por corredores vazios
que
nas minhas chagas
não
existem pés.
Inconsciente
monja vestida de negro,
teus
cabelos eram feitos de conchas,
teu
véu de redes do mar.
Entre
os dedos tinhas contas coloridas.
Mas,
havia um homem
consciente
destruindo
o lirismo
das
tuas madrugadas.
Morreu
o mundo das monjas.
Morreu
o mundo das mãos.
Sou
doida desfigurada
procurando
mãos
mergulhadas
em azul.
Sou
quase morta
no
descanso estéril
da
cor negra.
Hilda Hilst, in Baladas
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