Crime ambiental no Rio Doce, em Mariana - MG (Imagens: Google imagens)
A
água cai na caixa com uma força,
com
uma dor! A casa não dorme, estupefata.
Os
móveis continuam prisioneiros
de
sua matéria pobre, mas a água parte-se,
a
água protesta. Ela molha toda a noite
com
sua queixa feroz, seu alarido.
E
sobre nossos corpos se avoluma
o
lago negro de não sei que infusão.
Mas
não é o medo da morte do afogado,
o
horror da água batendo nos espelhos,
indo
até os cofres, os livros, as gargantas.
É
o sentimento de uma coisa selvagem,
sinistra,
irreparável, lamentosa.
Oh
vamos nos precipitar no rio espesso
que
derrubou a última parede
entre
os sapatos, as cruzes e os peixes cegos do tempo.
Carlos
Drummond de Andrade
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