sábado, 19 de setembro de 2015

Quem sustenta a sociedade: o trabalhador pobre

De 10.000 famílias que se sustentam umas às outras, talvez 100 não trabalhem e nada façam para a ajuda comum. As demais têm de sustentar estas últimas, além de a si próprias, e... têm um quinhão de tranquilidade, conveniência e abundância muito menor do que aquelas que, em absoluto, não trabalham. O comerciante rico e opulento, que nada faz além de dar algumas ordens, vive em uma propriedade, em um luxo e uma tranquilidade muito maiores... do que seus empregados, que fazem todo o serviço. Também estes últimos, exceto por seu confinamento, encontram-se em um estado de tranquilidade e fartura muito superior ao do artesão cujo trabalho foi necessário para que essas mercadorias lhes fossem fornecidas. O trabalho deste homem também é bastante tolerável; ele trabalha sob um telhado protegido da inclemência das intempéries, e obtém o seu sustento de uma maneira que não é desconfortável, se o compararmos com o trabalhador pobre. Este tem de lutar contra todas as inconveniências do solo e da estação, e esta continuamente exposto, ao mesmo tempo, à inclemência das intempéries e ao trabalho pesado. Desse modo, aquele que, por assim dizer, sustenta a estrutura toda da sociedade e fornece os meios para a conveniência e para a tranquilidade de todos os demais só tem, ele próprio, um quinhão muito modesto e esta enterrado na obscuridade. Ele suporta em seus ombros a humanidade toda, e, incapaz de aguentar o peso, acaba sendo por ele empurrado para as partes mais fundas da Terra.”

Samuel Fleischacker, in Uma breve história da justiça distributiva

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