“De
10.000 famílias que se sustentam umas às outras, talvez 100 não
trabalhem e nada façam para a ajuda comum. As demais têm de
sustentar estas últimas, além de a si próprias, e... têm um
quinhão de tranquilidade, conveniência e abundância muito menor do
que aquelas que, em absoluto, não trabalham. O comerciante rico e
opulento, que nada faz além de dar algumas ordens, vive em uma
propriedade, em um luxo e uma tranquilidade muito maiores... do que
seus empregados, que fazem todo o serviço. Também estes últimos,
exceto por seu confinamento, encontram-se em um estado de
tranquilidade e fartura muito superior ao do artesão cujo trabalho
foi necessário para que essas mercadorias lhes fossem fornecidas. O
trabalho deste homem também é bastante tolerável; ele trabalha sob
um telhado protegido da inclemência das intempéries, e obtém o seu
sustento de uma maneira que não é desconfortável, se o compararmos
com o trabalhador pobre. Este tem de lutar contra todas as
inconveniências do solo e da estação, e esta continuamente
exposto, ao mesmo tempo, à inclemência das intempéries e ao
trabalho pesado. Desse modo, aquele que, por assim dizer, sustenta a
estrutura toda da sociedade e fornece os meios para a conveniência e
para a tranquilidade de todos os demais só tem, ele próprio, um
quinhão muito modesto e esta enterrado na obscuridade. Ele suporta
em seus ombros a humanidade toda, e, incapaz de aguentar o peso,
acaba sendo por ele empurrado para as partes mais fundas da Terra.”
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