Giorgio
de Chirico, um dos primeiros pintores metafísicos, casou-se muito
moço com uma arqueóloga. Uma noite, num jantar em sua casa, notaram
os dois que haveria 13 pessoas à mesa. De Chirico não quis
sentar-se enquanto não chegasse a décima quarta.
Sua
esposa finalmente conseguiu à última hora arranjar uma amiga. Pois
a décima quarta convidada deve ter preenchido todos os requisitos
exigidos por De Chirico. Deve ter sido considerada a mulher ideal
pois – depois daquela noite – ela não deixou a casa do pintor.
Quem saiu foi a arqueóloga. Até hoje De Chirico vive com a décima
quarta. E vive muito bem.
Clarice Lispector, in Todas as crônicas
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