As
nuvens e as estrelas não promoveram esta guerra
os
córregos não informaram nada
se
a montanha vomitou pedras de fogo no rio
ela
não estava escolhendo um lado
a
chuva que fracamente balançava sob as folhas
não
tinha opinião política
e
se aqui ou ali uma casa
repleta
de esgoto não tratado
ou
que envenenou quem lá vivia
com
lentas exalações, ao longo dos anos
as
casas não estavam em guerra
nem
estavam os prédios lacrados com estanho
buscando
recusar abrigo
para
velhas sem-teto e crianças de rua
eles
não tinham qualquer política para mantê-las na rua
ou
morrendo, não, as cidades não eram o problema
as
pontes não eram guerrilheiras
as
autoestradas queimaram, mas não com ódio
Até
mesmo as milhas de arame farpado
esticadas
em volta de humilhantes abrigos temporários
projetados
para manter os indesejáveis
a
uma distância segura, longe da vista
mesmo
as tábuas que precisavam absorver
ano
após ano, tantos sons humanos
tantos
profundos vômitos, lágrimas
sangue
lentamente encharcando
não
se ofereceram para isso
As
árvores não se voluntarizaram para ser cortadas em tábuas
nem
os espinhos para rasgar a carne
Olhe
em volta para tudo isso
e
pergunte que assinaturas
estão
estampadas nas ordens, e traçadas
no
canto das plantas dos prédios
Pergunte
onde estavam as mulheres analfabetas,
barrigudas,
as bêbadas e loucas,
aquelas
que você teme mais do que tudo:
pergunte
onde você estava.
Adrienne Rich (tradução de André Caramuru Aubert)
Nenhum comentário:
Postar um comentário