sábado, 6 de abril de 2024

Nagual 10 | Poeta

Ao final, alguém se converte no que escreve
ou não com as próprias mãos
Quem vai acreditar em teu nagual
se não sentes o cheiro do tremor da imagem congelada
morrendo de medo dos olhos que a observam
Jato descontrolado de sombras
em busca do novo
O esquecimento coloca o coração em uma armadilha
Nós não voamos ou andamos com as guelras
No papel do deserto
alguém se lembra da maneira de caçar a lebre
fazer sandálias com pele de réptil
para entrar antes do amanhecer
Levantas a tampa e vês a tua própria morte
O verme da letra agita-se sob um título e outro
Parecem luzes de néon cobertas de cinzas
A tua máscara e teu nome tomam o lugar
daquela pessoa que não vieste a ser
Um dia a asfixiaste com o travesseiro
Uma parte tua foi deixada em seu testamento
Acabaste de nascer
Alguém te lê.

José Ángel Leyva, in Antologia da poesia mexicana

Nenhum comentário:

Postar um comentário