Se
triste é ir para o colégio distante,
fica
mais triste ainda
ao
ver Sebastião Ramos chorando no ombro de meu pai:
“Estou
perdido! Nunca mais levanto!
A
quebra dessa casa é a minha morte”.
O
fragor do trem martela seu desespero,
ou
seu desespero rilha nos trilhos
e,
na caldeira, queima?
Ei,
Sebastião Ramos, faz assim não na minha frente!
Também
estou perdido: morte no internato.
Morrer
vivo o ano inteiro é mais morrer
embora
ninguém perceba
e
ficarei sem ombro
para
acalentar a minha morte.
Ó
Sebastião Ramos, você roubou meu ombro.
Carlos Drummond de Andrade, in Boitempo – Esquecer para lembrar
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