Back
in the U.S.S.R.
Compositores:
Paul McCartney e John Lennon
Artista:
The Beatles
Gravação:
Abbey Road Studios, Londres
Lançamento:
The Beatles, 1968
Flew
in from Miami Beach BOAC
Didn’t
get to bed last night
On
the way the paper bag was on my knee
Man
I had a dreadful flight
I’m
back in the U.S.S.R.
You
don’t know how lucky you are, boy
Back
in the U.S.S.R.
Been
away so long I hardly knew the place
Gee
it’s good to be back home
Leave
it till tomorrow to unpack my case
Honey
disconnect the phone
I’m
back in the U.S.S.R.
You
don’t know how lucky you are, boy
Back
in the U.S.
Back
in the U.S.
Back
in the U.S.S.R.
Well
the Ukraine girls really knock me out
They
leave the West behind
And
Moscow girls make me sing and shout
That
Georgia’s always on my mind
Oh
show me round your snow-peaked mountains way down south
Take
me to your daddy’s farm
Let
me hear your balalaikas ringing out
Come
and keep your comrade warm
I’m
back in the U.S.S.R.
You
don’t know how lucky you are, boy
Back
in the U.S.S.R.
Quando
os Beach Boys lançaram Pet Sounds em 1966, percebemos de uma
vez por todas que a concorrência deles era séria. Até então, eles
pareciam uma ótima banda de surf rock. Já tinham produzido coisas
primorosas, uns trabalhos inovadores com raízes na tradição do
doo-wop, o rock’n’roll impregnado de gospel, e já
tínhamos pegado emprestadas algumas dessas coisinhas. Por exemplo,
as harmonias. Claro, eles também pegavam emprestado de nós. Todo
mundo pegava emprestado de todo mundo. Existia uma circularidade em
toda a indústria.
Uma
coisa é certa: o “protagonista” russo desta canção tem a
influência dos Beach Boys, e também de “Back in the U.S.A.”, de
Chuck Berry. E essa influência dos Beach Boys no protagonista é
perfeitamente normal. Afinal de contas, ele decola de Miami, onde
andou ouvindo, em especial, “California Girls”, e é por isso que
a ponte de nossa canção cita como as moças da Ucrânia o deixam
nocauteado (“Ukraine girls really knock me out”). Ao fundo
se ouve uma paródia bem flagrante de um refrão dos Beach Boys.
Depois
temos a referência humorística a “Georgia on My Mind”, cantada
por Ray Charles, mas claro, é a Geórgia da União Soviética, e não
o estado homônimo dos EUA. Por algum motivo, o personagem prefere a
URSS aos EUA, e a graça desta canção está justamente nisso.
Quando começamos a citar os territórios da URSS, poderíamos
continuar por horas a fio. É quase como se a canção estivesse
escrevendo a si mesma a essa altura. O verso “Show me round your
snow-peaked mountains way down south” tem um quê de travessura
colegial, sugerindo que a moça mostre seus montes com picos nevados
rumo ao sul, bem como “Come and keep your comrade warm”,
um convite para esquentar seu camarada.
Em
um ou dois pontos, a ideia de que um russo está dizendo que você
não sabe a sorte que tem de morar na URSS fica meio enfraquecida.
Estou pensando na referência sobre desconectar o telefone. A escuta
telefônica provavelmente fazia parte da ideia que tínhamos da URSS.
A alusão à fazenda de seu papai (“your daddy’s farm”)
também é um tanto complexa, se você levar em conta que na URSS a
coletivização da propriedade estava na ordem do dia. Portanto, o
“papai” poderia ser Stálin ou Brejnev, que estava no poder na
época.
Desnecessário
dizer: os Beatles foram proibidos na URSS, o que, como de costume,
teve o efeito de nos tornar muito populares por lá. Quando enfim
cantei “Back in the U.S.S.R.” na Praça Vermelha, em 2003, foi um
momento para degustar.
Paul McCartney, in As Letras – 1956 até o presente
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