Poder
contar com amigas leais é um dos pontos mais importantes da minha
vida. Passei a infância e adolescência sem ter muitas amigas e na
fase adulta me deparei com pessoas que só queriam receber, sem dar
nada em troca. Hoje posso dizer com alegria que tenho em quem
confiar. Já te falei da Flávia e da Marília, mas também gostaria
de te contar sobre a Débora.
Eu
a conheci em 2015, em um evento na Universidade Federal de Santa
Catarina, onde ela cursava psicologia. E a identificação foi
imediata. Em 2016, quando Donald e eu estávamos prestes a nos
separar, ela acolheu a mim e a Thulane por uns dias em sua casa, em
Florianópolis. E nos levou para passear, e sua bisneta, vó,
realizou o sonho que tinha de conhecer a Praia do Rosa.
Tanto
Flávia quanto Marília e Débora são apaixonadas por Thulane,
cuidam dela, a amam e a protegem. E aconteceu uma coisa linda. Eu
sempre falava de uma para as outras, que não se conheciam entre si.
Um dia Flávia me pediu para criar um grupo em um aplicativo de
conversa, assim todas se conheceriam. E assim fiz. Antes, o que as
unia era o amor por mim e por Thulane, hoje todas estão unidas pelo
amor e a amizade de umas pelas outras. Nosso grupo é um espaço de
trocas, curas, risadas. Flávia já era iniciada no candomblé, como
eu disse; levei Marília e Débora para conhecerem o terreiro que
frequento. Também apresentei a elas algumas terapias energéticas, e
hoje nós quatro as seguimos. Flávia e Débora são muito parecidas
e até brincam que são gêmeas — urbanas, taurinas, metódicas. Já
Marília e eu somos mais sonhadoras, místicas. É muito bonito
acompanhar as potências que se criam com nossas diferenças e o
quanto aprendemos com elas. Estar nesse grupo, nesse espaço seguro
de afeto, foi e é fundamental para mim. Nunca mais me senti só.
Djamila Ribeiro, in Cartas para minha avó
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