quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Cartas para minha avó

Poder contar com amigas leais é um dos pontos mais importantes da minha vida. Passei a infância e adolescência sem ter muitas amigas e na fase adulta me deparei com pessoas que só queriam receber, sem dar nada em troca. Hoje posso dizer com alegria que tenho em quem confiar. Já te falei da Flávia e da Marília, mas também gostaria de te contar sobre a Débora.
Eu a conheci em 2015, em um evento na Universidade Federal de Santa Catarina, onde ela cursava psicologia. E a identificação foi imediata. Em 2016, quando Donald e eu estávamos prestes a nos separar, ela acolheu a mim e a Thulane por uns dias em sua casa, em Florianópolis. E nos levou para passear, e sua bisneta, vó, realizou o sonho que tinha de conhecer a Praia do Rosa.
Tanto Flávia quanto Marília e Débora são apaixonadas por Thulane, cuidam dela, a amam e a protegem. E aconteceu uma coisa linda. Eu sempre falava de uma para as outras, que não se conheciam entre si. Um dia Flávia me pediu para criar um grupo em um aplicativo de conversa, assim todas se conheceriam. E assim fiz. Antes, o que as unia era o amor por mim e por Thulane, hoje todas estão unidas pelo amor e a amizade de umas pelas outras. Nosso grupo é um espaço de trocas, curas, risadas. Flávia já era iniciada no candomblé, como eu disse; levei Marília e Débora para conhecerem o terreiro que frequento. Também apresentei a elas algumas terapias energéticas, e hoje nós quatro as seguimos. Flávia e Débora são muito parecidas e até brincam que são gêmeas — urbanas, taurinas, metódicas. Já Marília e eu somos mais sonhadoras, místicas. É muito bonito acompanhar as potências que se criam com nossas diferenças e o quanto aprendemos com elas. Estar nesse grupo, nesse espaço seguro de afeto, foi e é fundamental para mim. Nunca mais me senti só.

Djamila Ribeiro, in Cartas para minha avó

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