Quando
eu era criança, tive uma professora de piano que tentava estimular
seus alunos pouco inspirados com um sistema de recompensas. Memorizar
uma sonatina de Clementini ou terminar um caderno de exercícios
valia-nos certo número de estrelas que se somavam para o grande
prêmio: um pequeno busto de gesso, não pintado, de um compositor
famoso: Bach, Beethoven, Mozart.
A
ideia, suponho, era que alinhássemos as estatuetas sobre o piano
numa espécie de altar, ao qual ofereceríamos nossos exercícios na
débil esperança de ganhar a aprovação daqueles mortos. Eu era
fascinada por suas perucas empoadas e suas expressões severas – ou
sonhadoras, no caso de Chopin. Eles eram como bonecas brancas, sem
corpo, que eu não podia pensar em vestir.
Infelizmente
para a minha professora de piano e para mim, eu não me importava
muito em granjear as boas opiniões dos compositores mortos, talvez
por já saber que nunca o conseguiria.
Eu
tinha meu próprio panteão privado, composto não por compositores,
mas por escritores: P.L. Travers, Astrid Lindgren, E. Nesbit, os
ídolos de minha infância. Era pela aprovação, pela companhia
deles que eu ansiava enquanto flutuavam acima de mim, dando-me alguma
coisa em que pensar durante aquelas enfadonhas sessões de exercícios
ao piano. Nos anos transcorridos desde então, a composição de meu
panteão literário mudou. Mas não perdi a imagem de Tolstoi ou
George Eliot fazendo um aceno de aprovação ou franzindo a
sobrancelha diante do meu trabalho, virando o polegar para cima ou
para baixo.
Ouvi
outros escritores falarem sobre a sensação de escrever para um
público composto parcialmente por mortos. Em suas memórias, Hope
against Hope, Nadezhda Mandelstam descreve como seu marido, Osip,
e sua amiga Anna Akhmatova, também poeta, participavam de uma
espécie de comunhão sobrenatural com seus predecessores:
M.
e Akhmatova tinham ambos a assombrosa capacidade de transpor de algum
modo o tempo e o espaço quando liam a obra de poetas mortos. Por sua
própria natureza, essa leitura é geralmente anacrônica, mas com
eles significava entrar num mundo de relações pessoais com o poeta
em questão: era uma espécie de conversa com alguém que há muito
se fora. Pelo modo como ele saudou seus companheiros poetas da
Antiguidade no Inferno, M. suspeitava que Dante também tinha essa
capacidade. Em seu artigo “On the nature of words”, ele menciona
a busca de Bergson por vínculos entre coisas do mesmo tipo,
separadas unicamente pelo tempo – do mesmo modo, pensava ele,
podemos procurar amigos e aliados através das barreiras tanto do
espaço quanto do tempo. Isso provavelmente havia sido compreendido
por Keats, que tinha o desejo de encontrar todos os amigos, vivos e
mortos, numa taberna.
Akhmatova,
ao ressuscitar figuras do passado, estava sempre interessada no modo
como viviam e em suas relações com os outros. Lembro como fez
Shelley reviver para mim – esse foi, por assim dizer, seu primeiro
experimento do gênero. Em seguida iniciou-se seu período de
comunhão com Pushkin. Com a minuciosidade de um detetive ou de uma
mulher ciumenta, ela deslindou tudo sobre as pessoas que o cercavam,
sondando seus motivos psicológicos e virando pelo avesso, como uma
luva, cada mulher para quem ele havia sorrido.
Quais
são então os escritores com quem poderíamos desejar ter esse tipo
de comunhão atemporal? As irmãs Brontë, Dickens, Turguêniev,
Woolf – a lista é longa o bastante para garantir leitura sólida
por uma vida inteira. Podemos dar por certo que, se a obra de um
escritor sobreviveu ao longo de séculos, há razões para isso,
explicações que nada têm a ver com uma conspiração de acadêmicos
tramando para ressuscitar um exército zumbi de homens brancos
mortos. Há, é claro, a questão do gosto individual. Pode ser que
nem todos os grandes escritores pareçam grandes para nós, não
importa a frequência e a intensidade com que tentemos ver suas
virtudes. Sei, por exemplo, que Trollope é considerado um brilhante
romancista, mas nunca compreendi muito bem o que torna seus fãs tão
ardorosos. Entretanto, nossos gostos mudam à medida que nós mesmos
mudamos e envelhecemos, e é possível que dentro de alguns meses
Trollope tenha se tornado meu novo escritor favorito.
Parte
da obrigação do leitor é descobrir por que certos escritores
permanecem. Isso pode exigir alguma reconexão: desfazer a conexão
que nos faz pensar que devemos ter uma opinião sobre o livro e
reconectar esse fio ao terminal, seja ele qual for, que nos permite
ver a leitura como algo capaz de nos comover ou deliciar. Faremos um
desserviço a nós mesmos se limitarmos nossa leitura à estrela
ascendente cujo contrato de seis dígitos por dois livros parece
indicar para onde nosso próprio trabalho deveria estar avançando.
Não estou dizendo que você não deveria ler esses autores, alguns
dos quais são excelentes e merecedores de celebridade. Só estou
salientando que eles representam o ponto final da longa, gloriosa e
complexa frase em que a literatura foi escrita.
Com
tanta leitura à sua frente, a tentação poderia ser aumentar a
velocidade. Mas na verdade é essencial desacelerar e ler cada
palavra. Porque algo importante que se pode aprender lendo devagar é
o fato óbvio, mas estranhamente subestimado, de que a linguagem é o
meio que usamos, mais ou menos como um compositor usa notas, como um
pintor usa tinta. Compreendo que isso pode parecer óbvio, mas é
surpreendente a facilidade com que perdemos de vista o fato de que as
palavras são a matéria-prima com que a literatura é construída.
Cada
página foi antes uma página em branco, assim como cada palavra que
aparece nela agora não esteve sempre ali – antes, reflete o
resultado final de incontáveis deliberações, grandes e pequenas.
Todos os elementos da boa escrita dependem da habilidade do escritor
de escolher uma palavra em vez de outra. E o que prende e mantém
nosso interesse tem tudo a ver com essas escolhas.
Uma
maneira de você se obrigar a desacelerar e parar a cada palavra é
perguntar-se que tipo de informação cada uma – cada escolha de
palavra – transmite. Lendo com essa pergunta em mente, consideremos
a riqueza de informação fornecida pelo primeiro parágrafo de “A
good man is hard to find”, de Flannery O’Connor.
A
avó não queria ir para a Flórida. Queria visitar alguns de seus
contatos no leste do Tennessee e agarrava-se a todas as chances para
fazer Bailey mudar de ideia. Bailey era o filho com que morava, seu
único menino. Ele estava sentado na ponta de sua cadeira à mesa,
curvado sobre a seção esportiva laranja do Journal. “Ora, olhe
aqui, Bailey”, disse ela, “veja aqui, leia isto”, e parou, uma
mão nas cadeiras magras e a outra sacudindo o jornal junto à cabeça
calva dele. “Este sujeito aqui que chama a si próprio de O
Desajustado fugiu da Penitenciária Federal e tomou o rumo da
Flórida, e leia aqui o que ele diz que fez com essas pessoas. Dê só
uma lida nisto. Eu não levaria meus filhos a parte alguma com um
criminoso como esse tresmalhado por lá. Não ficaria em paz com a
minha consciência se levasse.”
A
primeira frase declarativa simples dificilmente poderia ser mais
direta: sujeito, verbo, infinitivo, preposição. Não há um
adjetivo ou advérbio para nos distrair do fato central. Mas quanta
coisa está contida nessas oito pequenas palavras!
Aqui,
como nas aberturas de muitos contos e romances, somos confrontados
com uma escolha importante que um escritor de ficção precisa fazer:
a questão de como chamar seus personagens. Joe, Joe Smith, sr.
Smith? Não, neste caso, Vovó, ou Vovó Smith (ninguém nesta
história tem sobrenome), ou, digamos, Ethel, ou Ethel Smith, ou sra.
Smith, ou qualquer da miríade de termos ou designações que
poderiam ter estabelecido diferentes graus de distância psíquica e
simpatia entre o leitor e a velha.
Chamá-la
de “a avó” a reduz imediatamente a seu papel na família, tal
como o fato de que sua nora nunca é chamada de outra coisa senão “a
mãe das crianças”. Ao mesmo tempo, o título dá a ela (como ao
Desajustado) um papel arquetípico, mítico, que a eleva e impede que
fiquemos íntimos demais dessa mulher cujo nome nunca chegamos a
saber, ainda que o escritor esteja preparando nossos corações para
se partirem no momento crítico para o qual toda a sua vida e os
eventos do conto a levaram.
“A
avó não queria ir para a Flórida.” A primeira frase é uma
negativa, que, em sua própria simplicidade, enfatiza a força com
que a velha está resistindo. É um ato concentrado de vontade
negativa, que viremos a compreender em toda a sua trágica insensatez
– isto é, o absurdo de tentar exercer a própria vontade quando o
fado ou o destino (ou, como O’Connor alegaria, Deus) têm outros
planos para nós. E, finalmente, a austeridade terra-a-terra da
construção da frase confere-lhe um tipo de autoridade que – como
a primeira frase de Moby Dick, “Chame-me Ishmael” – nos
faz sentir que o autor está no controle, uma autoridade que nos
arrasta para diante na história.
A
primeira parte da segunda frase – “Queria visitar alguns de seus
contatos no leste do Tennessee” – nos situa na geografia, isto é,
no sul dos Estados Unidos. E essa única palavra, contatos (em
contraposição a parentes, familiares ou gente),
revela a consciência que a avó tem de sua própria fidalguia
decaída, de ter perdido sua posição social, uma autoimagem um
tanto enganosa que, como as ilusões de muitos outros personagens de
O’Connor, contribuirá para a sua ruína.
A
segunda metade da frase – “agarrava-se a todas as chances para
fazer Bailey mudar de ideia” – agarra nossa própria atenção
com mais força do que o faria se O’Connor tivesse escrito,
digamos, “aproveitando todas as chances”. O verbo revela
de maneira tranquila, mas sucinta, tanto a veemência da avó quanto
a passividade de Bailey, “o filho com que morava, seu único
menino”, duas expressões que transmitem a situação doméstica
dos dois, bem como a dominância que infantiliza o filho e a ternura
simultânea que a avó sente por ele. Essa palavra menino
assumirá uma ressonância trágica mais tarde. “Menino Bailey!”,
a velha gritará depois que seu filho for morto pelo Desajustado, que
já está prestes a fazer sua aparição no jornal que a avó está
“sacudindo” junto à cabeça calva de seu garoto. Nesse meio
tempo, o paradoxo de um menino calvo, presumivelmente de meia-idade,
leva-nos a tirar certas conclusões precisas sobre a constelação
familiar.
O
Desajustado está “tresmalhado” – aqui encontramos uma dessas
palavras com que O’Connor transmite o ritmo e o sabor de um dialeto
local, sem nos sujeitar às irritantes mudanças ortográficas,
omissões dos plurais (os minino, os ômi) e à má gramática com
que outros autores tentam transcrever a fala regional. As frases
finais do parágrafo – “Eu não levaria meus filhos a parte
alguma com um criminoso como esse tresmalhado por lá. Não ficaria
em paz com a minha consciência se levasse” – sintetizam a
qualidade cômica e enlouquecedora das manipulações da avó. Ela
usará qualquer coisa, mesmo um encontro imaginário com um
criminoso foragido, para desviar as férias da família da Flórida
para o leste do Tennessee. E sua fantasia aparentemente improvável
de encontrar o Desajustado pode nos levar a refletir sobre o
egocentrismo e o narcisismo peculiares das pessoas que estão
constantemente convencidas de que, por minúsculas que sejam as
probabilidades, a bala perdida irá de algum modo encontrá-las. Ao
mesmo tempo, novamente por conta da escolha de palavras, a frase
final já está aludindo àquelas questões de consciência,
moralidade, o espírito e a alma que se revelarão o cerne do conto
de O’Connor.
Dado
o tamanho do país, pensamos, não é possível que eles topem com o
criminoso acerca do qual a avó os advertiu. Podemos lembrar,
contudo, a observação de Tchekhov de que o revólver que vemos no
palco numa cena inicial provavelmente terá sido detonado antes do
fim da peça. Que vai acontecer então? Essa curta passagem já
nos introduziu num mundo que é realístico, mas que ao mesmo tempo
está além do alcance da lógica comum, e numa narrativa que
acompanharemos, a partir desta introdução, tão inexoravelmente
quanto a avó está fadada a encontrar um destino que (suspeitamos)
envolverá o Desajustado. Reduzida e editada, extremamente
concentrada, um modelo de compressão do qual seria difícil suprimir
uma palavra, essa única passagem alcança tudo isto, ou mais, já
que haverá sutilezas e complexidades adicionais óbvias apenas para
cada leitor individual.
Apenas
passar os olhos não basta se desejamos extrair uma fração, como a
acima, do que as palavras de um escritor podem nos ensinar sobre como
usar a linguagem. E ler rapidamente – voltado para a trama, para as
ideias, e até para as verdades psicológicas que uma história
revela – pode ser um empecilho quando as revelações cruciais
estão nos espaços entre as palavras, no que foi excluído.
Esse é o caso da abertura de “As filhas do falecido coronel”, de
Katherine Mansfield:
A
semana seguinte foi uma das mais atarefadas de suas vidas. Mesmo
quando elas iam para a cama, eram apenas seus corpos que se deitavam
e repousavam; suas mentes continuavam, resolvendo as coisas,
reconsiderando-as, discutindo-as, duvidando, decidindo, tentando se
lembrar onde…
Novamente,
a história começa com uma simples frase declarativa que estabelece
um sentido de competência e controle: uma história está prestes a
ser contada por alguém que sabe o que está fazendo. Mas se a lermos
rapidamente, podemos não notar o fato de que não sabemos a que se
refere a palavra seguinte. A semana seguinte... a quê? Nossas
heroínas – duas irmãs que ainda não conhecemos e que não foram
nomeadas para nós (Josephine e Constantia) nem mencionadas de
qualquer maneira exceto como elas – não podem fornecer as palavras
necessárias, a semana seguinte ao funeral de seu pai, porque
ainda não foram capazes de se convencer de que esse evento grave e
aterrorizante realmente ocorreu. Elas simplesmente não conseguem pôr
na cabeça que seu temido e tirânico pai, o coronel, tenha morrido e
não esteja mais ditando exatamente o que deviam fazer, sentir e
pensar a cada momento de cada dia.
Ao
omitir a que se refere a palavra seguinte já na primeira
frase, Katherine Mansfield estabelece as regras ou a falta de regras
que permite ao conto adotar um ponto de vista distanciado na terceira
pessoa juntamente com uma fluidez que torna possível penetrar os
recessos empoeirados, peculiares das psiques das duas irmãs. A
segunda e última frase desse parágrafo é toda de gerúndios –
pensando, duvidando, decidindo, tentando lembrar – que descrevem
pensamento e não ação, até que a frase se esgota e desaparece aos
poucos numa elipse que prefigura o beco sem saída a que as
tentativas das irmãs de refletir sobre as coisas finalmente chega.
Essas
duas frases sóbrias já nos introduziram no reino paradoxalmente
rico e claustrofóbico (tanto fora quanto dentro das irmãs) em que a
história se passa. Elas nos permitem ver o mundo delas de uma
perspectiva ao mesmo tempo tão objetiva e tão estreitamente
identificada com essas mulheres infantis que tudo acerca de suas
ações (dar risadinhas, contorcer-se em suas camas, afligir-se com o
pequeno camundongo que corre pelo quarto) nos faz pensar que devem
ser crianças, até que, quase na quinta página do conto, a criada,
Kate, entra na sala de jantar e – em apenas duas palavras – a
história nos ofusca com um áspero clarão que revela a idade das
“velhas solteironas”: “E a jovem e orgulhosa Kate, a princesa
encantada, entrou para ver o que as velhas solteironas queriam agora.
Passou a mão em seus pratos de arremedo disto ou daquilo e pôs
ruidosamente na mesa um aterrorizado manjar branco.”
(Note-se,
também, a maneira engenhosa e econômica como “aterrorizado manjar
branco” reflete o estado mental das “velhas solteironas” no
tremor do pudim gelatinoso.)
Mansfield
é um desses estilistas cuja obra podemos abrir em qualquer lugar
para descobrir alguma escolha de palavra inspirada. Aqui, as irmãs
ouvem um realejo lá fora na rua e, pela primeira vez, dão-se conta
de que não precisam pagar o tocador para ir embora antes que a
música irrite o pai. “Um perfeito repuxo de notas borbulhantes
jorrou do realejo, notas redondas e luminosas, displicentemente
espalhadas.” E como são precisas e inventivas as palavras com que
as mulheres reagem à enfermeira do pai, que residia na casa e
continuou lá depois da morte dele. As maneiras à mesa da enfermeira
Andrews alarmam e enfurecem as irmãs, que de repente não têm a
menor ideia de como, economicamente, devem sobreviver sem o pai.
A
enfermeira Andrews era simplesmente terrível com a manteiga.
Realmente não podiam deixar de sentir que com a manteiga, pelo
menos, ela tirava proveito de sua generosidade. E tinha aquele hábito
enlouquecedor de pedir só mais uma pontinha de pão para terminar o
que restava no prato, e depois, no último bocado, distraidamente –
claro que não era distraidamente –, servir-se de novo. Josephine
ficava muito vermelha quando isso acontecia, e pregava seus olhinhos
redondos na toalha, como se visse um minúsculo e estranho inseto
rastejando através da sua trama.
Novamente,
é uma questão de palavra por palavra – desta vez, de adjetivos e
advérbios. Embora permaneçamos na terceira pessoa, o simplesmente
terrível e o enlouquecedor são palavras das irmãs.
Seria difícil não perceber a raiva e o desespero gerados por aquele
“só mais uma pontinha de pão”, aquele “distraidamente –
claro que não era distraidamente”. E podemos ver com absoluta
nitidez o olhar de horror, concentração e repugnância reprimida no
rosto de Josephine quando ela “prega seus olhinhos redondos” no
“minúsculo e estranho inseto” que imagina rastejando através da
trama da toalha de mesa. De passagem, trama nos informa que a
toalha é de renda.
Vale
a pena ler “As filhas do falecido coronel” em diferentes pontos
de nossas vidas. Durante anos, supus que compreendia o conto.
Acreditava que a incapacidade das irmãs de relacionar aquele
seguinte com alguma coisa, de compreender a partida misteriosa
do pai, tinha a ver com suas naturezas excêntricas, com sua
incapacidade (ou recusa) infantil de encarar as complexidades da vida
adulta. Mas calhou de eu o reler não muito tempo depois de uma morte
em minha própria família, e pela primeira vez compreendi que a
perplexidade das irmãs não é tão diferente do espanto e
atordoamento que todos nós sentimos (por mais “adultos” ou
sofisticados que nos imaginemos) em face do término chocante, da
ausência, do mistério da morte.
[…]
Francise Prose, in Para ler como um escritor
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