CARLOS
E aí? Foi bom pra você?
BARBARA
Você quer uma opinião curta ou uma crítica aprofundada?
CARLOS
Acho que pode ser aprofundada.
BARBARA
Fui jantar com Carlos sem grandes esperanças — não era nem de
longe o mais bonito do escritório, tampouco era o mais inteligente
ou o mais engraçado. Já sabia que a foda não seria espetacular,
mas um recente pé na bunda me fez aceitar a aventura — não
esperava por tanta mediocridade. A foda começou bem. As
preliminares, de modo geral, ocorreram com modéstia e humildade, sem
traços de preciosismo na chupação ou excessos de manipulação
anal. Carlos encarou minha fenda com a coragem de um amador — vê-se
que lhe falta prática, mas o afinco com que ele compensa a
inabilidade com a língua não deixa de ser comovente. A verdadeira
decepção se deu na penetração propriamente dita: a rola de Carlos
não diz a que veio. Falta cadência no meter. É claro que havia na
jeba uma angulação diagonal que não favorecia a carimbação
frenética — mas, houvesse mais perícia, a buceta faria vista
grossa pro direcionamento da benga. O texto também não ajuda.
Carlos repetia diversas vezes, de forma mecânica, a frase: “isso,
sua vagabunda”, mostrando pouco conhecimento do baixo calão e
denotando certo machismo antiquado. A iluminação tampouco
contribui: a luz fria de teto ressalta a calvície de Carlos,
galopante. Lá pelo minuto oito, a fodelança se mecanizou e minha
cabeça foi parar no Hortifruti — onde talvez um pepino aveludado
pudesse de novo umidificar meus grandes lábios. Gozei baldes
lembrando de Robson, que trabalha no caixa. Resultado: uma foda
medíocre, que como comédia não diverte e como drama não emociona.
Melhor assistir à reprise de Cabocla no Canal Viva.
CARLOS
Acho que eu preferia a opção curta.
BARBARA
Ah. Gostei.
Gregório Duvivier, in Put some farofa
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