Amargura
no dia
amargura
nas horas,
amargura
no céu
depois
da chuva,
amargura
nas tuas mãos
amargura
em todos os teus gestos.
Só
não existe amargura
onde
não existe o ser.
Estão
sendo atropelados
em
seus caminhos,
os
que nada mais têm a encontrar.
Os
que sentiram amargura de fel
escorrendo
da boca,
os
que tiveram os lábios
macerados
de amor.
Estão
terrivelmente sozinhos
os
doidos, os tristes, os poetas.
Só
não morro de amargura
porque
nem mais morrer eu sei.
Hilda Hilst, in Baladas
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