domingo, 6 de fevereiro de 2022

Temps perdu

Trabalho em hospitais há anos e se tem uma coisa que eu aprendi é que quanto mais doentes os pacientes estão menos barulho eles fazem. É por isso que eu ignoro o interfone dos pacientes. Sou secretária de ala; minhas prioridades são providenciar medicamentos e equipamentos intravenosos, levar pacientes para a cirurgia ou para a radiologia. Claro que eu acabo atendendo o interfone alguma hora, quando geralmente digo aos pacientes: “A sua enfermeira já vai passar aí”. Porque mais cedo ou mais tarde ela vai acabar aparecendo por lá. Minha opinião a respeito das enfermeiras mudou bastante com o tempo. Eu costumava achar que elas eram frias e sem coração. Mas é a doença que é o problema. Vejo agora que a indiferença das enfermeiras é uma arma contra a doença. Lute contra ela, acabe com ela. Ignore-a, se preferir. Mas atender a todas as vontades de um paciente só o estimula a gostar de ficar doente, essa é que é a verdade.
No início, quando uma voz dizia pelo interfone “Enfermeira! Rápido”, eu perguntava “Qual é o problema?”. Mas isso tomava muito tempo; além do mais, nove entre dez vezes era só a televisão que estava sem cor.
Os únicos aos quais eu dou atenção são aqueles que não conseguem falar. A luz acende e eu aperto o botão. Silêncio. Obviamente eles têm alguma coisa a dizer. Em geral há algum problema, como uma bolsa de colostomia cheia, por exemplo. Essa é outra das poucas coisas que eu sei com certeza agora. As pessoas ficam fascinadas com as suas bolsas de colostomia. Todo mundo que usa uma bolsa dessas — não só os pacientes dementes ou senis, que chegam a brincar com ela — fica inevitavelmente hipnotizado pela visibilidade do processo. E se os nossos corpos fossem transparentes, como uma janela de máquina de lavar? Como seria assombroso poder observar a nós mesmos por dentro. Corredores correriam com mais ímpeto ainda, bombeando sangue sem parar. Amantes amariam mais. Minha nossa! Olha aquele velho sêmen correndo! Dietas melhorariam — kiwi e morango, sopa de beterraba com creme azedo.
Enfim, quando a luz do paciente do leito dois do quarto 4420 acendeu, eu fui até lá. Sr. Brugger, um velho diabético que tinha tido um derrame grave. A primeira coisa que vi foi que a bolsa estava cheia, como eu tinha imaginado. “Vou avisar pra sua enfermeira”, eu disse, sorrindo para os olhos dele. Meu Deus, que choque eu levei, como cair em cima da barra de uma bicicleta, como uma sonata de Vinteuil bem ali no Four East. Olhinhos pretos e brilhantes sorrindo, emoldurados por epicantos acinzentados. Olhos pouco maiores que os olhos de um Buda… olhos de azeviche, olhos vagarosos, olhos quase mongoloides. Olhos de Kentshereve, rindo para os meus… Fui inundada pela memória do amor, não pelo amor em si… O sr. Brugger sentiu isso sem dúvida, pois agora aperta sua amorosa campainha a noite inteira.
Ele sacudiu a cabeça, zombando de mim por eu ter achado que o problema era a bolsa de colostomia. Olhei ao redor. The Odd Couple girava vertiginosamente na tela da tevê. Ajustei a imagem do aparelho e saí, voltando às pressas para a minha mesa, para suaves ondas de memória.
Mullan, Idaho, 1940, na mina Morning Glory. Eu tinha cinco anos e fazia sombras com o dedão do pé sob o sol do início da primavera. Eu o ouvi primeiro. Sons de mordidas numa maçã. Ou seria aipo? Não, era Kentshereve, debaixo da minha janela, comendo bulbos de jacinto. Sujeira nos cantos da boca, lábios carnudos roxos, molhados como os do sr. Brugger.
Eu voei até ele (Kentshereve), sem olhar para trás, sem hesitar. Ou, pelo menos, só o que eu me lembro de ter feito em seguida foi morder eu mesma um daqueles bulbos crocantes e frios. Ele sorriu para mim, olhos de passas cintilando do meio de fendas de bordas massudas, me encorajando a saborear. Ele não usou essa palavra — o meu primeiro marido usou, quando estava me mostrando as sutilezas do alho-porró e da cebolinha (na nossa cozinha de adobe, vigas e ladrilhos mexicanos em Santa Fe). Vomitamos mais tarde (Kentshereve e eu).
Trabalhei mecanicamente na minha mesa, atendendo o telefone, ligando para pedir oxigênio e técnicos de laboratório, me deixando levar por ondas mornas feitas de salgueiros, ervilhas-de-cheiro e lagos de trutas. As roldanas e cordas da mina à noite, depois da primeira nevasca. Cenoura silvestre com o céu estrelado ao fundo.
Ele conhecia cada centímetro do meu corpo.” Será que eu li isso em algum lugar? Com certeza ninguém jamais diria uma coisa dessas. Mais tarde naquela primavera, pelados no bosque, contamos cada sinal de nascença um do outro, marcando com nanquim o lugar onde tínhamos parado a cada dia. Kentshereve observou que o aplicador da tinta era igualzinho a um pinto de gato.
Kentshereve sabia ler. O nome dele era Kent Shreve, mas quando ele me falou eu entendi que o primeiro nome dele era Kentshereve e, naquela primeira noite, repeti-o mil vezes, entoei-o baixinho mil vezes, como fiz com Jeremys e Christophers mais tarde. Kentshereve Kentshereve. Ele conseguia ler até cartazes de PROCURADOS na agência dos correios e dizia que quando a gente crescesse ele provavelmente leria um cartaz sobre mim. Claro que eu estaria usando um apelido, mas ele saberia que era eu porque o cartaz diria: grande sinal no calcanhar do pé esquerdo, marca no joelho direito, sinal na racha do bumbum. Talvez alguém que já me namorou venha a ler o que eu estou escrevendo. Aposto que você não se lembrava dessas coisas. Kentshereve se lembraria. O meu terceiro filho nasceu com o mesmo sinal, bem na racha do bumbum. No dia em que ele nasceu eu dei um beijo no sinal dele, feliz em pensar que um dia provavelmente alguma outra mulher o beijaria ali também, ou contaria aquele sinal. Foi mais demorado mapear Kentshereve do que a mim, porque ele também tinha sardas e a diferença entre uma coisa e outra era sutil. Ele duvidou de mim quando eu contei os sinais das costas dele, me acusou de estar exagerando.
Fiquei irritada quando recebemos dois pacientes de pós-operatório — páginas de pedidos para preencher, justo quando eu estava tendo todos aqueles insights. A descarga de amor que eu recebi do Leito Dois do quarto 4420 era indistinguível de todas as outras. Kentshereve, meu palimpsesto. Um intelectual mais velho com um humor sarcástico, obcecado por comida e sexo. Ele deu início a uma série infindável de piqueniques, de Zihuatanejo ao norte do estado de Nova York. Hambúrgueres em cima de um túmulo zuni com Harrison, aquela fraude.
Nenhum outro foi tão delicioso e assustador. Como conseguia ler, sabia que a fogueira que nós fizemos poderia significar uma multa de mil dólares ou cadeia. Não para nós, para os nossos pais, ele disse rindo, enquanto jogava mais pinhas no fogo. Pomada para mamilos Massé, lâmpadas de calor para o períneo, spray Americaine para hemorroidas, banho de assento três vezes ao dia. Corri com os pedidos para poder voltar a sentir cheiro de pinheiro, a sentir o gosto do sanduíche de carne defumada no pão branco que ele fez. O molho foi um frasco de creme para as mãos Jergen — mel e amêndoa — e nenhum molho agridoce que eu tenha provado desde então rivalizou com ele. Ele sabia fazer panquecas no formato do Texas, de Idaho e da Califórnia. Seus dentes ficavam pretos até quarta-feira das balas de alcaçuz de sábado, azuis de blueberry o verão inteiro.
Tentamos reproduzir o ato sexual, mas acabamos desistindo e nos concentrando em praticar tiro ao alvo com o nosso xixi. Obviamente, ele se saiu melhor, mas mirar não é um feito insignificante para uma menina. Ele reconheceu o meu mérito, com um aceno de cabeça, um brilho vindo da fenda dos seus olhos.
Ele me levou ao meu primeiro lago de trutas. Único lago de trutas. Lago vazio, na verdade, na incubadora. Esses lagos rasos só eram drenados algumas vezes por ano, mas Kentshereve sabia exatamente quando ir. Ele via tudo, apesar de seus olhos parecerem fechados, como aqueles óculos de madeira dos esquimós. O segredo era chegar lá num dia quente antes de limparem o lago vazio. Uns sete centímetros de uma gosma viscosa e gelatinosa de esperma de truta revestiam os lagos. Eu lhe dava o primeiro empurrão, fazendo-o deslizar em disparada até a outra ponta, quando então ele ricocheteava de volta até mim, um sapo movido a jato, e lá íamos nós, escorregando das paredes como tubos pneumáticos besuntados de graxa, cobertos de escamas cintilantes de truta.
Lavávamos o cabelo com suco de tomate para tirar o cheiro, mas o cheiro não saía. Dias depois, quando ele estava na escola e eu em casa, fazendo sombras na parede com o dedão do pé, eu sentia um leve fedor de peixe morto e ficava louca para vê-lo, louca para que chegasse a hora em que eu o ouviria subindo a colina, com a merendeira batendo na perna.

Nós nos escondíamos num barracão atrás da cozinha do J. R. e ficávamos vendo ele e sua mulher magricela transarem, um ato tão monumentalmente hilário que conseguiu arruinar muitos momentos de prazer na minha vida com um ataque de riso. Eles ficavam sentados diante da mesa forrada de tecido oleado, jururus, fumando e bebendo sem parar, só fumando e bebendo, em silêncio, e então ele arrancava seu capacete de minerador com lanterna, berrava “Estilo cachorrinho!” e virava a mulher de costas sobre o banco da cozinha.
Os mineradores eram na sua maioria finlandeses e, quando saíam do trabalho, iam tomar uma ducha e fazer sauna. Havia um cercado de madeira em frente à sauna e, no inverno, eles saíam correndo lá de dentro e pulavam na neve acumulada no cercado. Homens grandes, homens pequenos, homens gordos, homens magricelas, todos homens cor-de-rosa, rolando de um lado para o outro na neve. No início, espiando pelo nosso buraco na cerca, ríamos baixinho de todos aqueles pintos e bagos azuis, mas depois passamos a rir de alegria simplesmente, como eles, com a neve e o céu azul, azul.

As coisas se aquietaram à noite, no trabalho. Wendy, a enfermeira-chefe, e sua melhor amiga, Sandy, rabiscavam bobagens na mesa perto de mim. Bobagens mesmo, praticando escrever 1982 e os seus futuros nomes se elas se casassem com os caras com quem andavam saindo no momento. Mulheres adultas, nos dias de hoje, fazendo uma coisa dessas. Fiquei com pena delas, daquelas enfermeiras jovens e bonitas que ainda não conheciam o amor.
E você? Está sonhando acordada com o quê?”, Wendy perguntou.
Um velho amor”, respondi, soltando um suspiro.
Ah, que fofo! Você, na sua idade, ainda pensa no amor.”
Eu nem sequer reagi. A pobre tolinha não fazia ideia da paixão que tinha acabado de se acender entre mim e o Leito Dois do quarto 4420.
A campainha dele estava, na verdade, tocando sem parar. Eu atendi. “A sua enfermeira já vai passar aí.” Eu disse a Sandy que ele queria voltar para a cama. Porque àquela altura eu já sabia o que ele queria só de deixar aqueles olhos de Kentshereve entrarem. Sandy pediu que eu chamasse o auxiliar de enfermagem para ajudá-la. Peso morto.
Eu sempre soube ouvir. É a minha melhor qualidade. Kentshevere podia ter todas as ideias, mas era eu quem as ouvia. Éramos um casal clássico, como Zelda e Scott, Paul et Virginie. Aparecemos três vezes no jornal semanal de Wallace, Idaho. Uma vez quando nos perdemos. Não estávamos perdidos coisa nenhuma, só zanzando pela floresta depois da hora de ir para casa, mas eles drenaram as valas assim mesmo. Depois, encontramos um mendigo morto na mata. Ouvimos a morte dele primeiro, lá do fundo da clareira, as moscas zumbindo. A última vez foi quando a escada caiu em cima do Sextus. Pelo menos o jornal gostou da notícia; já os nossos pais não gostaram nem um pouco. Kentshereve tinha que tomar conta do Sextus (o sexto filho, só um mês de vida). Ele não passava de um embrulhinho sem graça e dormia o tempo inteiro, então não parecia que ia fazer diferença se a gente o levasse conosco até o galpão. Decidimos nos pendurar nos caibros, deixamos o embrulhinho no chão e subimos na escada de mão. Kentshereve não me culpou nenhuma vez por ter chutado a escada e a deixado cair. Ele aceitava essas coisas com naturalidade. E o que aconteceu foi que a escada caiu em cima do neném — as ripas dos quatro lados deixaram o corpinho ileso por um triz — e ele não acordou. Um milagre, mas eu acho que a gente ainda não conhecia essa palavra. Então ficamos lá, horas a fio, no caibro estreito, bem acima do chão, pendurados pelos joelhos, já que tentar sentar dava muito medo. De cara vermelha, falando de um jeito esquisito de cabeça para baixo. Ninguém nos ouviu berrar. Nossas famílias tinham ido para Spokane e não havia nenhuma outra casa por perto. Foi ficando cada vez mais escuro. Descobrimos um jeito de nos sentar e conseguimos ir nos arrastando aos pouquinhos até a ponta do caibro; chegando lá, passamos a nos revezar para encostar na parede. Brincamos de coruja e de cuspir, mirando nas coisas. Eu fiz xixi nas calças. Sextus acordou e começou a chorar sem parar. Mais alto, acima do choro do bebê, nós listamos todas as coisas que queríamos comer. Pão com manteiga polvilhado de açúcar. Kentshereve comia isso o dia inteiro. Eu sei que ele é diabético a esta altura, surrupiando creme Jergen e entrando em choque. Ele sempre exalava, suas camisas quadriculadas cintilavam de açúcar ao sol.
Ele precisava fazer xixi e achou que, se mirasse logo ao lado de Sextus, isso o esquentaria e o deixaria mais animado. Era o que ele estava fazendo quando meu pai entrou e deu um berro. Fiquei tão assustada que caí de cima do caibro. Foi assim que quebrei meu braço pela primeira vez. Depois Red, o pai de Kentshereve, entrou e pegou o bebê do chão. Ninguém ajudou Kentshereve a descer, nem reparou no milagre de as ripas da escada não terem atingido o bebê em nenhum dos quatro lados. Do carro, tremendo de dor, eu vi Red dando uma surra em Kentshereve. Ele não chorou. Acenou para mim com a cabeça lá do outro lado do pátio e seus olhos me disseram que tinha valido a pena.
Passei uma noite com ele, a noite em que a minha irmã mais nova extraiu as amígdalas. Red mandou a mim e às minhas roupas de cama escada acima, para a água-furtada onde os cinco filhos mais velhos dormiam sobre uma camada de palha. Não havia janela, só uma abertura no beiral coberta com tecido oleado preto. Kentshereve fez um buraco no tecido com um furador de gelo e então um jato de ar começou a entrar, como nos aviões, só que gelado. Encostando o ouvido no buraco, dava para ouvir pingentes de gelo nos pinheiros, lustres, o rangido do elevador da mina, vagões de minério. O ar cheirava a frio e a fumaça de madeira queimada. Quando botei um olho no buraquinho minúsculo, vi as estrelas como que pela primeira vez, ampliadas, o céu, vasto e estonteante. Se eu piscasse o olho, tudo desaparecia.
Ficamos acordados, esperando para ouvir os pais dele fazendo sexo, mas eles não fizeram. Perguntei a Kentshereve como ele achava que era. Ele levantou a mão e a encostou na minha, de modo que todos os nossos dedos se tocassem, depois me falou para passar o polegar e o indicador pelos nossos dedos que estavam encostados. Não dá para saber qual é qual. Deve ser algo assim, disse ele.

Eu não fui para a cafeteria no meu intervalo, mas saí para a varanda do quarto andar. Era uma noite fria de janeiro, mas já havia botões de ameixeira-japonesa iluminados pelos postes de luz. Californianos costumam defender suas estações dizendo que elas são sutis. Mas quem quer uma primavera sutil? Sou muito mais o degelo de Idaho, com Kentshereve e eu deslizando por colinas enlameadas numa caixa de papelão achatada. Sou muito mais a luxuriante explosão de lilás, de um jacinto sobrevivente. Fumei na varanda, a cadeira de metal fazendo listras frias nas minhas coxas. Eu ansiava por amor, por sussurros numa noite clara de inverno.

A gente só brigava no cinema, aos sábados, em Wallace. Ele conseguia ler os créditos, mas se recusava a me falar o que eles diziam. Eu sentia ciúme, como sentiria mais tarde da música de um marido, das drogas de outro. A dama do lago. Quando as primeiras palavras apareciam, ele sussurrava: “Agora! Fica quieta!”. As letras deslizavam pela tela enquanto ele apertava os olhos, fazendo que sim com a cabeça. Às vezes ele sacudia a cabeça, dava uma risadinha ou dizia “Hum!”. Mesmo sabendo agora que a palavra mais difícil que aparece nos créditos é cinematográfico, eu ainda tenho a nítida sensação de estar deixando escapar alguma coisa. Na época eu me contorcia, frenética, sacudindo o braço dele. Fala, vai! O que é que está escrito? Shhhh! Ele se desvencilhava do meu braço e se inclinava para a frente, tapando as orelhas, seus lábios se mexendo enquanto ele lia. Eu ficava louca para ir para a escola, louca para a segunda série começar logo. (Ele dizia que a primeira era uma perda de tempo.) Aí não iria haver mais nada que a gente não compartilhasse um com o outro.
A campainha do Leito Dois do quarto 4420 tocou. Fui até lá. Quando foram embora, as visitas do seu companheiro de quarto tinham acidentalmente tapado a televisão dele com a cortina. Eu puxei a cortina de volta para o lugar e ele balançou a cabeça para mim. “Mais alguma coisa?”, perguntei, e ele fez que não. Os créditos de Dallas estavam deslizando pela tela.
Sabe, eu finalmente aprendi a ler, seu cretino”, eu disse, e os olhinhos pretos dele brilharam enquanto ria. Não dava para perceber, na verdade — era só um barulho parecido com o chiado de um cano enferrujado sacudindo sua cama em zigue-zague, mas eu reconheceria aquele riso em qualquer lugar.

Lucia Berlin, in Manual da faxineira: Contos escolhidos

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