Samba
que é automaticamente associado a Carmen Miranda (1909-1955),
“Adeus, batucada” foi feito sob medida para ela por Synval Silva,
em 1935. Gravado em setembro daquele ano, com acompanhamento da
Orchestra Odeon, a encomenda emplacou de cara e virou o prefixo
musical dos programas de rádio da cantora. Também garantiu de vez a
entrada de Synval na vida da Pequena Notável, como compositor e seu
motorista particular. É um samba melancólico, mesmo que
“valorizando a batucada”, afinal, “sambando se goza / nesse
mundo”, no qual a personagem lamenta a hora de largar a folia. O
que explica o fato de a bela e engenhosa letra ter permitido muitas
associações com a vida de sua primeira intérprete.
Quatro
anos após seu lançamento, “Adeus, batucada” seria a música
escolhida por Carmen para encerrar seu programa de despedida na Rádio
Mayrink Veiga, antes de embarcar para os Estados Unidos e a carreira
em Hollywood. E, em 5 de agosto de 1955, estaria entre as tocadas no
adeus derradeiro, durante o cortejo fúnebre que parou o Rio de
Janeiro. Clássico incontestável da música brasileira, desde então
“Adeus, batucada” se mantém viva, com novas gravações de Ney
Matogrosso, Ná Ozzetti, Gal Costa, Eduardo Dussek, Marisa Monte,
Alaíde Costa e Celso Fonseca.
Mineiro
de Juiz de Fora, filho de um clarinetista, Synval Machado da Silva
(1911-1994) aprendeu viola e clarinete ainda criança. Na
adolescência, começou a compor seus primeiros sambas e valsas.
Chegou ao Rio em 1930, para morar no Morro da Formiga, na Tijuca, e
se sustentar como mecânico de automóveis. Mas, sem largar a música,
após sujar a mão de graxa e óleo durante o dia, prosseguia
trabalhando à noite como integrante do regional Good-Bye, na Rádio
Mayrink Veiga. Foi lá que, em 1934, conheceu o baiano Assis Valente,
então o compositor preferido de Carmen. Naquele mesmo ano, graças à
indicação do amigo, a cantora gravou na RCA Victor dois sambas de
Synval, “Alvorada” e “Ao voltar do samba”, e, em 1935, um
terceiro, “Coração”.
A
carreira de Synval não se limitou aos discos de Carmen. Um dos
fundadores da escola de samba Império da Tijuca, ele ainda foi
gravado por outros grandes cantores da época, como Aurora Miranda,
Orlando Silva, Trio de Ouro, Cyro Monteiro e Ataulfo Alves.
Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil
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