cavalga no sol, parado.
Onde a deusa de cem bocas,
hoje silêncio de moscas.
Nem tubas nem galardões.
São seis da tarde no Centro.
A fronte já não se cobre
de lauréis. Tudo azinhavre.
Nem sangue não se adivinha
na sua espada sem fio.
É verão, tudo tem pressa,
mas o homem, seu cavalo,
crina e rabo sossegados.
Até mesmo carrapatos
são de bronze se lhes tocam,
são medalhas, não há pressa.
Cavalgam no meio da praça
em coma, transe, cravados
no pedestal, condenados
a marchar sem que se movam,
a seguir em ponto morto,
a quedar sempre em seus postos,
com seus limos e seu mofo,
numa impassível viagem
para onde tudo é quieto,
quando o tempo é sempre ontem.
Eucanaã Ferraz
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