— Não
está me reconhecendo? Sou a terceira mulher do sabonete Araxá.
Aquelas do anúncio.
— Eu
sei. As três mulheres do poema de Manuel Bandeira.
— Não,
do anúncio do sabonete. O poema veio depois, nós já existíamos
antes.
— E
que foi feito das duas outras?
— A
primeira passou a trabalhar para a Sentinela Juropapo. A segunda está
no galarim, só trabalha para a Secom. Eu estou desempregada, não dá
para me arranjar uma boa mordomia no INPS? Sei que é difícil me
aposentar, porque já tenho idade de sobra, mas…
Carlos
Drummond de Andrade, in Desemprego
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