Além de escrever, e de fazê-lo da
melhor forma que puder, [o escritor] não deve jamais esquecer que,
além de escritor, ele é um cidadão; e, em sua atuação como
cidadão, não deve esquecer que é um escritor. Não consigo
entender o que leva um escritor a achar que seu compromisso pessoal
se restringe exclusivamente à literatura e à sua obra. É o retorno
ao egoísmo e à presunçosa torre de marfim. Talvez seja esse o
maior dos erros dos últimos vinte anos, embora, por sorte, esses
exercícios de autocomplacência estejam desaparecendo a partir da
guerra da ex-Iugoslávia. O escritor não é um guia ou um político,
e não pode viver, de forma esquizofrênica, separado do cidadão.
José Saramago,
in As palavras de Saramago
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