terça-feira, 24 de outubro de 2017

Quem é?

Se Nelson Rodrigues tinha as estagiárias da PUC, Mario tinha as jovens repórteres de TV.
Em 1978, o Planetário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul resolveu misturar poesia e astronomia. Os poemas de Quintana integravam o projeto e ele foi convidado para dar uma entrevista coletiva a respeito lá mesmo, no belo prédio futurista do planetário. Depois de toda a badalação dos 70 anos, já estava mais ou menos amaciado para essas coisas de entrevistas.
Falou com repórteres de jornais e agora, pacientemente, esperava que a equipe da TV Gaúcha se organizasse para gravar com ele. Teste daqui, luz dali, liga, desliga, microfone, contraplano, ok?, e ele olhando, quieto.
Lançada no Brasil pela TV Globo, estava na moda aquela história de o repórter encostar o microfone na boca do entrevistado e perguntar: “Quem é o Fulano de Tal?”. E o Fulano respondia: “Sou um ator, um homem do povo, que compra em supermercado, entra em ônibus, acredita no mundo novo, patati, patatá”. Deu pra lembrar? A repórter da TV Gaúcha precisava estar na onda e foi de primeira:
Quem é Mario Quintana?
Surpreso, quase incrédulo diante da pergunta, ele só achou uma saída:
Sou eu, minha filha.
Juarez Fonseca, in Ora bolas – O humor de Mario Quintana

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