Coitado!
Que em um tempo choro e rio;
Espero
e temo, quero e aborreço;
Juntamente
me alegro e entristeço;
Confio
de uma causa e desconfio;
Voo
sem asas; estou cego e guio;
Alcanço
menos no que mais mereço;
Então
falo melhor, quando emudeço;
Sem
ter contradição sempre porfio;
Possível
se me faz todo o impossível;
Intento,
com mudar-me, estar-me quedo;
Usar
de liberdade e ser cativo;
Queria
visto ser, ser invisível;
Ver-me
desenredado, amando o enredo;
Tais
os extremos são com que hoje vivo!
Luís
Vaz de Camões
Nenhum comentário:
Postar um comentário