Descobri
aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza
das frases, mas a doença delas.
Comuniquei
ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu
pensava que fosse um sujeito escaleno.
—
Gostar de fazer defeitos na frase é
muito saudável, o Padre me disse.
Ele
fez um limpamento em meus receios.
O
Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença, pode muito que você
carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas…
E
se riu.
Você
não é de bugre? — ele continuou.
Que
sim, eu respondi.
Veja
que bugre só pega por desvios, não anda em estradas —
Pois
é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns
maduros.
Há
que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse
Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.
Manoel
de Barros
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