A
boa-noite floriu suas flores grandes,
parecendo
saia branca.
Se
eu tocasse um piano elas dançavam.
Fica
tão bom o mundo assim com elas,
que
nem me desprezo por querer um marido.
Perfumam
à noite.
A
gaita de um menino que nunca morreu
toca
erradinho e doce.
Eu
cumpro alegremente minhas obrigações paroquiais
e
não canso de esperar;
mais
hoje, mais amanhã, qualquer coisa esplêndida acontece:
as
cinco chagas, o disco voador, o poeta com seu cavalo
relinchando
na minha porta.
Desejava
tanto tomar bênção de pai e mãe,
juntar
uns pios, umas nesgas de tarde,
um
balançado de tudo que balança no vento
e
tocar na flauta. É tão bom
que
nem ligo que Deus não me conceda
ser
bonita e jovem
— um
dos desejos mais fundos da minha alma.
“O
Espírito de Deus pairava sobre as águas...”
Sobre
o meu, pairam estas flores
e
sou mais forte que o tempo.
Adélia
Prado
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