“Queremos
todos ajudar-nos uns aos outros. Os seres humanos são assim.
Queremos viver a felicidade dos outros e não a sua infelicidade. Não
queremos odiar nem desprezar ninguém. Neste mundo há lugar para
toda a gente. E a boa terra é rica e pode prover às necessidades de
todos.
O
caminho da vida pode ser livre e belo, mas desviamo-nos
do caminho. A cupidez envenenou a alma humana, ergueu no mundo
barreiras de ódio, fez-nos marchar a passo de ganso para a desgraça
e a carnificina. Descobrimos a velocidade, mas prendemo-nos demasiado
a ela. A máquina que produz a abundância empobreceu-nos. A nossa
ciência tornou-nos cínicos; a nossa inteligência, cruéis e
impiedosos. Pensamos de mais e sentimos de menos. Precisamos mais de
humanidade que de máquinas. Se temos necessidade de inteligência,
temos ainda mais necessidade de bondade e doçura. Sem estas
qualidades, a vida será violenta e tudo estará perdido.
O
avião e a rádio aproximaram-nos. A própria natureza destes
inventos é um apelo à fraternidade universal, à união de todos.
Neste momento, a minha voz alcança milhões de pessoas através do
mundo, milhões de homens sem esperança, de mulheres, de crianças,
vítimas dum sistema que leva os homens a torturar e a prender
pessoas inocentes. Àqueles que podem ouvir-me, digo: Não
desesperem.
A desgraça que nos oprime não provém senão da cupidez, do azedume
dos homens que têm receio de ver a humanidade progredir. O ódio dos
homens há-de passar, e os ditadores morrem, e o poder que tiraram ao
povo, o povo o
retomará.
Enquanto os homens morrerem, a liberdade não perecerá.”
Charles
Chaplin,
in
discurso
final de
O Grande Ditador
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