Direitos humanos
“Não
se pode pôr o problema dos direitos do homem abstraindo dos dois
grandes problemas de nosso tempo, que são os problemas da guerra e
da miséria, do absurdo contraste entre o excesso de potência que
criou as condições para uma guerra exterminadora e o excesso de
impotência que condena grandes massas humanas à fome. Só nesse
contexto é que podemos nos aproximar do problema dos direitos com
senso de realismo. Não devemos ser pessimistas a ponto de nos
abandonarmos ao desespero, mas também não devemos ser tão
otimistas que nos tornemos presunçosos.
A
quem pretenda fazer um exame despreconceituoso do desenvolvimento dos
direitos humanos depois da Segunda Guerra Mundial, aconselharia este
salutar exercício: ler a Declaração Universal e depois olhar em
torno de si. Será obrigado a reconhecer que, apesar das antecipações
iluminadas dos filósofos, das corajosas formulações dos juristas,
dos esforços dos políticos de boa vontade, o caminho a percorrer é
ainda longo. E ele terá a impressão de que a história humana,
embora velha de milênios, quando comparada às enormes tarefas que
estão diante de nós, talvez tenha apenas começado.”
Norberto
Bobbio,
in A
era dos direitos
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