O meu esforço agora é para nunca deixar
o dia passar completamente inútil. Quero chegar à noite, sozinho na
minha cama, e indagar à minha consciência, sem grande remorso, de
que modo aproveitei o tempo que me foi dado. Pode ser, como dizia
Baudelaire, que o ócio seja a mãe de todas as artes, mas não há
dúvida de que é o pai dos maiores vícios. Não resiste à
inutilidade quando se tem um pouco de imaginação. E eu, que já
desperdicei o meu tempo tão lamentavelmente, quero agora contar os
minutos com avareza e tentar fazer alguma coisa que mais tarde não
me faça envergonhar da minha existência.
Lúcio
Cardoso, in Diários
Nenhum comentário:
Postar um comentário