Nos
amávamos rodando pelo espaço e éramos uma bolinha de carne
saborosa e suculenta, uma única bolinha quente que resplandecia e
jorrava aromas e vapores enquanto dava voltas e voltas pelo sonho de
Helena e pelo espaço infinito e rodando caía, suavemente caía, até
parar no fundo de uma grande salada. E lá ficava, aquela bolinha que
éramos ela e eu; e lá no fundo da salada víamos o céu. Surgíamos
a duras penas através da folhagem cerrada das alfaces, dos ramos do
aipo e do bosque de salsa, e conseguíamos ver algumas estrelas que
andavam navegando no mais distante da noite.
Eduardo
Galeano, in Mulheres
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