“Não
gosto muito da palavra felicidade, para dizer a verdade. Acho que é,
inclusive, uma ilusão mercadológica. O que a gente pode estudar são
as condições do bem-estar. A sensação de competência no
exercício do trabalho, já se sabe, é a maior fonte de bem-estar,
mais que a remuneração. Nós temos um ideal de felicidade um pouco
ridículo.
Um
exemplo é a fala do churrasco. Você pega um táxi domingo ao
meio-dia para ir ao escritório e o taxista diz: 'Ah, estamos aqui
trabalhando, mas legal seria estar num churrasco tomando cerveja'.
Talvez você ou o taxista sofram de úlcera, e não haveria prazer em
tomar cerveja. Nem em comer picanha.
Mesmo
que não vissem problema, pode ser que detestassem as pessoas lá e
não se divertissem. Em geral, somos péssimos em matéria de prazer.
Por exemplo, estamos sempre lamentando que nossos filhos seriam uma
geração hedonista, dedicada a prazeres imediatos, quando, de fato,
vivemos numa civilização muito pouco hedonista. Por isso, nos
queixamos de excessos e nos permitimos prazeres medíocres ou muito
discretos.”
Contardo
Calligaris,
in
Todos
os reis
estão
nus
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