Embora
nos tentem provar o contrário, em muito a vida é pesada, difícil,
perigosa e traiçoeira. Passaremos por muitos momentos de alegria,
prazer e contentamento, mas há muita dor e decepção a ser
enfrentada. Fazemos parte de um ciclo imerso em instantes de pura
magia e felicidade, mas também pontuado por dissabores e tristezas.
É assim que sempre foi, é e será. Os ventos virão, sem
pestanejar; cabe a nós tentar passar pelos descaminhos sem que nos
percamos de nossa essência em meio às lutas diárias, pois o que
nos sustenta é sempre essa força que existe aqui de dentro de cada
um de nós. É preciso um coração tranquilo.
Lembre-se
sempre de que o seu caminho é você quem constrói. Somos
responsáveis pelas escolhas que fazemos e consequentes resultados a
serem colhidos. Nem sempre optaremos acertadamente, nem sempre
estaremos confiantes em nossas decisões, mas é preciso que optemos
diante da vida, sem descanso, pois os caminhos à nossa frente são
inúmeros. Temer a ação apenas nos paralisará no tempo,
tolhendo-nos conquistas importantes, não nos oportunizando avanços
e aprimoramentos que nos desenvolvam e nos tornem mais gente. Acalme
o seu coração.
Culpe-se,
mas não por muito tempo, apenas de forma a refletir sobre os erros,
dimensionados na medida exata para que sirvam como lições de vida.
Sempre teremos novas chances para tentar reparar o que foi malfeito,
mal falado, mal entendido. Haverá quem não desista da gente ali do
nosso lado, estendendo as mãos com sinceridade, ouvindo-nos,
aconselhando-nos e lutando por nós. São essas pessoas que devem ser
valorizadas e cultivadas em nossas vidas, são elas que nos
resgatarão de nossas misérias emocionais, para que nos reergamos
incansavelmente. Acalme o seu coração.
Chore,
renda-se à tristeza e ao luto, dispa-se e enfrente a escuridão à
sua volta. É preciso experenciar o frio da alma em sua
vulnerabilidade, em suas fraquezas, permitindo-se sentir a dor do que
nos atinge, nos revolta, nos aniquila. A pouco e pouco, os ventos
abrandam, levando consigo os fantasmas que insistem em nos afligir.
Sempre haverá o amanhã, o recomeço, chances de se refazer. Haja o
que houver, conservemos a esperança, o motor do pulsar de nosso
viver. Acalme o seu coração.
Sim,
as pessoas vão embora de nossas vidas, às vezes aos poucos, outras
vezes abruptamente. A única certeza que podemos ter diz respeito
exatamente ao fato de que, quanto mais vivermos, mais perdas teremos,
mais gente sairá de nosso caminho. A saudade é um alto preço a se
pagar pela qualidade das interações que cultivamos em nossa
jornada. É necessário que aproveitemos ao máximo as convivências
que nos fazem bem, para que acumulemos mais e mais lembranças que
nos aliviarão a dor da saudade. Não podemos fugir a ela, mas
podemos evitar o remorso por não ter agido como deveríamos com quem
nos é vital. Acalme o seu coração.
Marcel
Camargo, in www.obviousmag.org
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