sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Soneto, de Luís Vaz de Camões

Enquanto quis Fortuna que tivesse

Esperança de algum contentamento,

O gosto de um suave pensamento

Me fez que seus versos escrevesse.


Porém, temendo Amor que aviso desse

Minha escritura a algum juízo isento,
Escureceu-me o engenho com tormento,
Para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades! Quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são, e não defeitos...
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos!

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