“Se
não entendo tudo, devo ficar contente com o que entendo. E entendo
que vejo estas árvores e que tenho direito a minha língua e que
posso olhar nos olhos dos estranhos e dizer: não me desculpe por não
gostar do que você gosta; não me olhe de cima para baixo; não me
envergonhe de minha fala; não diga que minha fala é melhor do que a
sua; não diga que eu sou bonito, porque sua mulher nunca ia ter
casado comigo; não seja bom comigo, não me faça favor; seja homem,
filho da puta, e reconheça que não deve comer o que eu não como,
em vez de me falar concordâncias e me passar a mão pela cabeça;
assim poderei matar você melhor, como você me mata há tantos
anos.”
João
Ubaldo Ribeiro,
in Vila
Real
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