“Nenhum homem acredita piamente em nenhum
outro homem. Pode-se acreditar piamente numa ideia, mas não num homem. No mais
alto grau de confiança que ele pode despertar, haverá sempre o aroma da dúvida
– uma sensação meio instintiva e meio lógica de que, no fim das contas, o
vigarista deve ter um ás escondido na manga. Esta dúvida, como parece óbvio, é
sempre mais do que justificada, porque ainda não nasceu o homem merecedor de
confiança ilimitada – a sua traição, no máximo, espera apenas por uma tentação
suficiente. O problema do mundo não é o de que os homens sejam muito suspeitos
neste sentido, mas o de que tendem a ser confiantes demais – e de que ainda
confiam demais em outros homens, mesmo depois de amargas experiências. Acredito
que as mulheres sejam sabiamente menos sentimentais, tanto nisto como em outras
coisas. Nenhuma mulher casada põe a mão no fogo por seu marido, nem age com se
confiasse nele. A sua principal certeza assemelha-se à de um batedor de
carteiras: a de que o guarda que o apanhou poderá ser subornado.”
Henry
Mencken, in O Livro dos Insultos (1920)
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