domingo, 14 de agosto de 2011

Versos implumes

Pousa no papel de leve,
A pluma de um verso imberbe.
Sem peso e sem gravidade
Ao vento flutua, incerto.

Não há mão que, firme, o empunhe
Nem há, certeira, a palavra
Que armá-lo em seus ossos possa
E a ele se prenda, escrava.

E a ele se agarre, invicta,
Nos expoentes da luta
E delineie o sentido
Que a maré vazante esboça.

E vá se emplumando em signos
Nas densas hastes do ritmo
E coreografe o minuto
Onde o verbo se faz carne.

Ah, que a palavra desate
O cativo, implume pássaro!
E nele exercite a arte
De livre voar, incólume.
E explodir, absoluto. 

Maria Thereza Belisário de Noronha, poetisa mineira

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