Depois,
como é sabido, chegou a hora em que fecharam a Mina. Todo mundo foi
embora.
Todo
mundo foi chorando.
Eu
fiquei. Fiquei sozinha. Não tinha para onde ir, nem com quem.
De
meu irmão Mirto, que fugiu com a viúva, eu nunca mais soube nada. A
mesma coisa de Manuel, o jogador de futebol; jamais se ouviu falar
dele em algum clube da capital. Alguém me disse certa vez que foi
visto bêbado num bordel de Valparaíso.
E
Mariano continua na cadeia. Quando estava a ponto de cumprir a
sentença pela morte do agiota, teve uma briga com outro preso e o
matou. Ele ficou ferido. Foi condenado a outros tantos anos. Só
consegui ir visitá-lo umas poucas vezes.
Ele
me pediu que não fosse mais.
Disse
que fazia mal para ele.
A
mim também fazia mal. Em seus gestos eu via o gesto dos bandidos dos
filmes (falava cuspindo entre os dentes). Além do mais, depois de
matar o agiota tinha parado de gaguejar. E isso me causava uma
espécie de pavor inexplicável.
Minha
última visita foi quando levei a notícia da morte da nossa mãe.
Hernán Rivera Letelier, em A Contadora de Filmes
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