terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Profissão de febre

Quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento
Sete e dez.
Aqui jaz o sol,
sombra a meus pés.
Trevas.
Que mais pode ler
um poeta que se preza?

Paulo Leminski, in Toda Poesia

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