Andava
um esquimó, arco na mão, perseguindo renas, quando uma águia
surpreendeu-o pelas costas.
– Eu
matei seus dois irmãos – disse a águia. – Se você quiser
salvar-se, deve oferecer uma festa, lá em sua aldeia, para que todos
cantem e dancem.
– Uma
festa? O que significa cantar? E dançar, o que é?
– Venha
comigo.
A
águia mostrou-lhe uma festa. Tinha muita coisa boa para comer e
beber. O tambor ressoava forte como o coração da velha mãe da
águia, que batendo guiava seus filhos, de sua casa, através dos
vastos gelos e montanhas. Os lobos, as raposas e os outros convidados
dançaram e cantaram até que o sol raiou.
O
caçador regressou à sua aldeia.
Muito
tempo depois, soube que a velha mãe da águia e todos os velhos do
mundo das águias estavam fortes e belos e velozes. Os seres humanos,
que finalmente tinham aprendido a cantar e a dançar, haviam mandado,
de longe, de suas festas, alegrias que davam calor ao sangue de todos
os velhos do mundo das águias.
Eduardo Galeano, in Os Nascimentos
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