Vira e mexe eu penso é numa toada só.
Fiz curso de filosofia pra escovar o
pensamento,
não valeu. O mais universal a que chego
é a recepção de Nossa Senhora de
Fátima
em Santo Antônio do Monte.
Duas mil pessoas com velas louvando Maria
num oco de escuro, pedindo bom parto,
moço de bom gênio pra casar,
boa hora pra nascer e morrer.
O cheiro do povo espiritado,
isso eu entendo sem desatino.
Porque, mercê de Deus, o poder que eu
tenho
é de fazer poesia, quando ela insiste
feito
água no fundo da mina, levantando
morrinho de areia.
É quando clareia e refresca, abre sol,
chove,
conforme necessidades.
Às vezes dá até de escurecer de
repente
com trovoado e raio. Não desaponta
nunca.
É feito sol.
Feito amor divino.
Adélia Prado
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