Caso encontre na vida humana algo melhor
do que a justiça, a verdade, a temperança e a fortaleza — e do que
uma mente satisfeita com aquilo que a possibilita agir racionalmente
dentro das condições impostas—, abrace-o com toda sua alma e o
aproveite ao máximo.
Caso não se depare com nada supremo em
relação à deidade plantada em você — aquela que submete os
impulsos a si própria, que examina cuidadosamente as impressões,
que se subordina aos deuses, que se preocupa com a humanidade e que,
como Sócrates costumava dizer, está livre da persuasão dos
sentidos—, não dê lugar a mais nada, pois, se o fizer, perderá a
competência de priorizar os bens em sua posse.
É errado rivalizar o aplauso, o poder, o
prazer ou similares com aquilo que é racional e politicamente bom.
Esses, de repente, elevam-se e nos arrastam — ainda que, em um
pequeno grau, possam parecer compatíveis com o que é supremo.
Escolha aquilo que é superior e nada
mais.
“Mas o que é útil é superior.”
Caso algo lhe tenha utilidade enquanto
ser racional, mantenha-o. Caso lhe seja útil somente enquanto
animal, esteja ciente e reconheça sem arrogância. De qualquer
jeito, tenha cautela e investigue-o por meio de um método confiável.
Marco Aurélio, in Meditações do Imperador Marco Aurélio: Uma Nova Tradução
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