Logo
depois entrou no café uma moça de calça de veludo. Dirigiu-se ao
balcão, esperou seu refrigerante e foi bebê-lo. Parou em uma mesa
vizinha à nossa e bebeu sem se sentar.
Martin
virou-se para ela: — Senhorita — disse ele —, não somos daqui
e gostaríamos de lhe perguntar uma coisa.
A
moça sorriu. Era muito bonita.
— Estamos
sufocando de calor e não sabemos o que fazer...
— Vão
tomar um banho!
— Justamente.
Não sabemos onde se pode tomar um banho nesta cidade.
— Não
existe nenhum lugar.
— Como?
— Existe
uma piscina, mas está vazia há um mês.
— E
o rio?
— Está
sendo dragado.
— Então
onde podemos nos banhar?
— Só
existe o lago Hoter, mas fica a pelo menos sete quilômetros daqui.
— Não
tem importância, estamos de carro. Bastaria que nos guiasse.
— Você
seria nosso navegador — disse eu.
— Ou
melhor, nosso piloto — disse Martin.
— E
nossa estrela — disse eu.
A
moça, tonta com esse falatório, aceitou finalmente nos acompanhar;
mas ainda tinha de fazer compras e era preciso que fosse buscar o
maio; marcamos encontro para dentro de uma hora exatamente no mesmo
lugar.
Estávamos
contentes. Ficamos olhando-a se afastar balançando lindamente o
traseiro e sacudindo os cachos de seus cabelos pretos.
— Você
está vendo — disse Martin —, a vida é curta, é preciso
aproveitar cada minuto.
Milan
Kundera, in Risíveis Amores
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