Perdi
qualquer coisa ali
entre
o século onze ou dezesseis, não sei.
Qualquer
coisa entre aqueles reis e servos
qualquer
coisa entre a nobreza e os parvos
comensais
à mesa
qualquer
coisa entre as pedras de Siena
e
as pernas das princesas de Viena.
Por
isto procuro procuro procuro
entre
quadros
portulanos estatuetas tapetes pianos
porcelanas
cristais
e
enternecidas madonas
como
a cinderela o seu sapato perdido
na
meia-noite da festa
e
o maestro a semifusa confusa
que
caiu no fosso da orquestra.
Procuro
algo nas gretas
dos
monumentos no musgo
do
sofrimento no desejo
dos
conventos e traças
dos
documentos.
O
que procuro não sei. Mas sei
que
essa procura
me
organiza o sofrimento.
Affonso Romano de Sant´anna, em Textamentos
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