Monarco e Ratinho
Regravada
em 1999 por Zeca Pagodinho no disco Ao vivo, esta canção
tinha sido lançada, mas sem tanta repercussão, pelo próprio
sambista em seu álbum de estreia, em 1986. Em seguida, no novo
século e já com status de clássico, “Coração em desalinho”
também voltou nas vozes de cantoras como Maria Rita e Leila
Pinheiro, como uma das pérolas da parceria de Monarco e Ratinho,
também responsáveis por outro grande sucesso no repertório de Zeca
Pagodinho, “Vai vadiar”.
Apesar
de ser o criador da melodia e da primeira parte da letra, Monarco
registrou a parceria com Ratinho em nome de seu filho, o também
compositor Mauro Diniz, porque a editora que administrava as suas
músicas estava atrasando o repasse de direitos autorais, e ele achou
que seria melhor arrecadar pela editora das músicas de Mauro.
Hildemar
Diniz, o Monarco, nasceu em 17 de agosto de 1933, e chegou a Oswaldo
Cruz, o bairro onde está sua Portela, na adolescência. Aos 20 anos,
emplacou seu primeiro samba e foi convidado para a seleta ala de
compositores da escola. Atual presidente da Velha Guarda da Portela,
ele tem uma coleção de sambas gravados por alguns dos principais
intérpretes brasileiros e, desde 1976, também vem lançando discos
como cantor.
Seu
parceiro Ratinho é a prova de que português também faz samba. E
muito bem. Nascido na região do Alto Douro, no norte de Portugal, em
5 de março de 1948, e batizado como Alcino Correia Ferreira, tinha 4
anos quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro. Muito jovem
Ratinho mostrou queda pela música e logo venceu por sete vezes a
disputa de samba-enredo da Caprichosos de Pilares. Morto aos 62 anos,
em 2010, deixou muitos sambas em parceria com Zeca Pagodinho, Mauro
Diniz, Marquinho PQD e Arlindo Cruz.
Monarco
começou a escrever a música que virou “Coração em desalinho”
em 1981, inicialmente como um samba-enredo para a Unidos do
Jacarezinho. Mas desistiu da ideia depois de, na quadra da escola,
conhecer e se encantar com um samba de outros concorrentes. Algum
tempo depois, mudou a letra e pediu a Ratinho que fizesse a segunda
parte. Samba pronto, Monarco pretendia oferecer a Martinho da Vila,
mas foi convencido pelo produtor Milton Manhães a apostar num novo
cantor que se preparava para gravar seu primeiro disco: Zeca
Pagodinho, que levou “Coração em desalinho” a clássico do
samba.
Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil
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