sábado, 4 de novembro de 2023

Coração em desalinho | Monarco e Ratinho, 1986

Monarco e Ratinho

Regravada em 1999 por Zeca Pagodinho no disco Ao vivo, esta canção tinha sido lançada, mas sem tanta repercussão, pelo próprio sambista em seu álbum de estreia, em 1986. Em seguida, no novo século e já com status de clássico, “Coração em desalinho” também voltou nas vozes de cantoras como Maria Rita e Leila Pinheiro, como uma das pérolas da parceria de Monarco e Ratinho, também responsáveis por outro grande sucesso no repertório de Zeca Pagodinho, “Vai vadiar”.
Apesar de ser o criador da melodia e da primeira parte da letra, Monarco registrou a parceria com Ratinho em nome de seu filho, o também compositor Mauro Diniz, porque a editora que administrava as suas músicas estava atrasando o repasse de direitos autorais, e ele achou que seria melhor arrecadar pela editora das músicas de Mauro.
Hildemar Diniz, o Monarco, nasceu em 17 de agosto de 1933, e chegou a Oswaldo Cruz, o bairro onde está sua Portela, na adolescência. Aos 20 anos, emplacou seu primeiro samba e foi convidado para a seleta ala de compositores da escola. Atual presidente da Velha Guarda da Portela, ele tem uma coleção de sambas gravados por alguns dos principais intérpretes brasileiros e, desde 1976, também vem lançando discos como cantor.
Seu parceiro Ratinho é a prova de que português também faz samba. E muito bem. Nascido na região do Alto Douro, no norte de Portugal, em 5 de março de 1948, e batizado como Alcino Correia Ferreira, tinha 4 anos quando sua família se mudou para o Rio de Janeiro. Muito jovem Ratinho mostrou queda pela música e logo venceu por sete vezes a disputa de samba-enredo da Caprichosos de Pilares. Morto aos 62 anos, em 2010, deixou muitos sambas em parceria com Zeca Pagodinho, Mauro Diniz, Marquinho PQD e Arlindo Cruz.
Monarco começou a escrever a música que virou “Coração em desalinho” em 1981, inicialmente como um samba-enredo para a Unidos do Jacarezinho. Mas desistiu da ideia depois de, na quadra da escola, conhecer e se encantar com um samba de outros concorrentes. Algum tempo depois, mudou a letra e pediu a Ratinho que fizesse a segunda parte. Samba pronto, Monarco pretendia oferecer a Martinho da Vila, mas foi convencido pelo produtor Milton Manhães a apostar num novo cantor que se preparava para gravar seu primeiro disco: Zeca Pagodinho, que levou “Coração em desalinho” a clássico do samba.

Nelson Motta, in 101 canções que tocaram o Brasil

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