A
vida ficou de repente
apática
e desinteressada,
como
se pretendesse descer na próxima parada.
Abafou
os sons que costumava ouvir,
com
medo de sentir saudade.
Baixou
os toldos sobre a claridade,
para
que o brilho do dia
não
arranhasse a solidão.
Preferia
permanecer quieta e sombria.
Guardou
o açúcar como se quisesse
impedir
o doce
de
mesclar o fel que, porventura, houvesse.
Sensações
e sentimentos devidamente amordaçados,
rabiscou
no papel seu breve recado:
“Saí
para almoço.
Pretendo
voltar, não sei se posso.
Seja,
por favor, condescendente.
Quando
o amor não está,
é
costume da vida suspender o expediente.”
Flora Figueiredo, in Amor a céu aberto
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