Pequei,
Senhor, mas não porque hei pecado,
Da
vossa alta clemência me despido;
Porque
quanto mais tenho delinquido
Vos
tem a perdoar mais empenhado.
Se
basta a voz irar tanto pecado,
A
abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que
a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos
tem para o perdão lisonjeado.
Se
uma ovelha perdida e já cobrada
Glória
tal e prazer tão repentino
Vos
deu, como afirmais na sacra história.
Eu
sou, Senhor a ovelha desgarrada,
Recobrai-a;
e não queirais, pastor divino,
Perder
na vossa ovelha a vossa glória.
Gregório de Matos, in Antologia Poética
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