E
quando se aproximou a hora, o Anjo da Encarnação perguntou-lhe:
— Que
queres ser na face da Terra?
— Um
polígono regular estrelado.
— O
quê?!
— Um
polígono regular estrelado — repetiu imperturbavelmente a alma do
nascituro.
“Mais
um...” — pensou o Anjo. Mas, como os anjos e os poetas são os
únicos que não riem dos loucos, limitou-se a objetar:
— E
por que não um poliedro? Vais viver num mundo de três dimensões e
bem sabes que um polígono apenas tem duas. Lá só existirias na
face do papel... e não propriamente na face da Terra.
— Por
isso mesmo.
O
Anjo desta vez não compreendeu muito bem e retirou-se, dando de
asas.
E
foi assim que, quando chegou a hora, veio ao mundo mais um louco.
E
um “louco simétrico”!
Chamou-se,
entre os homens, Edgar Allan Poe.
Mário Quintana, in Caderno H
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