Eu
já disse quem sou ele.
Meu
desnome é Andaleço.
Andando
devagar eu atraso o final do dia.
Caminho
por beiras de rios conchosos.
Para
as crianças da estrada eu sou o Homem do Saco.
Carrego
latas furadas, pregos, papéis usados.
(Ouço
harpejos de mim nas latas tortas.)
Não
tenho pretensões de conquistar a inglória perfeita.
Os
loucos me interpretam.
A
minha direção é a pessoa do vento.
Meus
rumos não têm termômetro.
De
tarde arborizo pássaros.
De
noite os sapos me pulam.
Não
tenho carne de água.
Eu
pertenço de andar atoamente.
Não
tive estudamento de tomos.
Só
conheço as ciências que analfabetam.
Todas
as coisas têm ser?
Sou
um sujeito remoto.
Aromas
de jacintos me infinitam.
E
estes ermos me somam.
Manoel de Barros, in Livro obre nada
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